Confissão
(Carlos Drummond de Andrade)
NÃO AMEI BASTANTE
MEU SEMELHANTE,NÃO CATEI O VERME NEM CUREI A
SARNA.SÓ PROFERI ALGUMAS PALAVRAS MELODIOSAS,
TARDE, AO VOLTAR DA FESTA.
DEI SEM DAR E BEIJEI SEM BEIJO.(CEGO É TALVEZ QUEM
ESCONDE OS OLHOS EMBAIXO DO CATRE.)E NA MEIA-LUZ TESOUROS FANAM-SE, OS MAIS EXCELENTES.
DO QUE RESTOU, COMO COMPOR UM HOMEM E TUDO QUE ELE IMPLICA DE
SUAVE,DE CONCORDÂNCIAS VEGETAIS, MURMÚRIOS DE
RISO, ENTREGA, AMOR E PIEDADE?
NÃO AMEI BASTANTE SEQUER A MIM MESMO,CONTUDO
PRÓXIMO.NÃO AMEI NINGUÉM. SALVO AQUELE PÁSSARO –
VINHA AZUL E DOIDO –QUE SE ESFACELOU NA ASA DO AVIÃO.
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Confissão
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário